terça-feira, 23 de novembro de 2010

Nace

Minha primeira poesia em espanhol. Dando voz e cara à vida, em seu processo. Metalinguagem.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Uma Passante, como recriação de À une passante (de Baudelaire)

A Uma Passante

Esse corredor barulhento ao redor de mim tumultua.

Linda, delgada, com particular discrição, uma sutileza misteriosa,

a garota passa, com uma expressão gioconda,

caminhando, balançando o caderno e a bolsa;

alheia e plácida, com seus passos hipnóticos.

Eu, tragado, feito balde que desce o fosso,

por seus olhos, os poços de mel onde se oculta o ferrão,

a doçura que fascina e a dúvida que corrói.

Um clarão... depois a noite! - Beleza fugidia

cujo olhar me faz subitamente abstrair,

não te verei senão entre essas abóbadas?

Aqui; só neste lugar!? No último dia!? Um sempre-nunca!

Não sei onde tu foste, tu não sabes onde vou,

ah se eu a tocasse, ah se eu a conhecesse!!

Gabriel Giglio



À une passante

La rue assourdissante autour de moi hurlait.
Longue, mince, en grand deuil, douleur majestueuse,
Une femme passa, d'une main fastueuse
Soulevant, balançant le feston et l'ourlet;

Agile et noble, avec sa jambe de statue.
Moi, je buvais, crispé comme un extravagant,
Dans son oeil, ciel livide où germe l'ouragan,
La douceur qui fascine et le plaisir qui tue.

Un éclair... puis la nuit! — Fugitive beauté
Dont le regard m'a fait soudainement renaître,
Ne te verrai-je plus que dans l'éternité?

Ailleurs, bien loin d'ici! trop tard! jamais peut-être!
Car j'ignore où tu fuis, tu ne sais où je vais,
Ô toi que j'eusse aimée, ô toi qui le savais!

Charles Baudelaire